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O saber dos dados e a nova ciência da ordem

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  A ciência de dados tem se tornado uma disciplina dominante, sendo aplicada nas mais diversas áreas do conhecimento, inclusive nas ciência sociais e humanas. Ela serve de base também para a inteligência artificial, que muitos veem como uma ameaça à hegemonia humana no trabalho, na gestão e do juízo. A onipresença da ciência de dados hoje faz dessa disciplina uma candidata a ciência universal. Podemos falar da datificação como uma nova epistémê ou, para usar termos mais populares, um novo paradigma científico dominante? De certo modo, ela parece-me comparável à epistémê clássica dos século XVII e XVIII, que, segundo Foucault ,  baseava-se em uma "ciência universal da ordem". A ciência da ordem era, como a ciência de dados é hoje, uma ciência da comparação. Na epistémê clássica, as coisas do mundo eram postas em série com base num jogo de identidades, diferenças e gradações. A linguagem era neutra, transparente, servindo apenas como um instrumento de representação da ordem