O fim do homem na era da inteligência artificial

Quando Foucault escreveu que o Homem estava prestes a desaparecer do horizonte das ciências humanas e o puro discurso era o que lhes restaria como objeto de estudo, ele não imaginava, até onde sei, que sua previsão se cumpriria numa ciência muito diferente: a ciência da computação.

Pois bem, neste campo, o desenvolvimento da inteligência artificial só deslanchou a partir do momento em que os cientistas desistiram de descobrir como funciona a inteligência humana de fato - o Homem desapareceu do seu horizonte.

Eles deixaram de tentar reproduzir a sua essência, que jamais encontravam, para construir sistemas que, por meios que nada têm de biologicamente humanos, conseguem ainda assim se comportar inteligentemente.

A era do puro discurso pode não ter chegado, mas a era da pura inteligência parece ter começado.

E eu não estou usando a palavra pura porque tal inteligência seja superior ou perfeita, muito menos desejável. Não se trata de um juízo de valor.

 

Notas:

1) a tese de Foucault mencionada aqui pode ser lida no seu livro As Palavras e as Coisas.

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