Zen e verdade em Foucault

Há um zen em Foucault, que, de certa forma, é o zen dos estudos do discurso do século XX para cá.

Os mestres zen nos alertam contra maya, o mundo ilusório que criamos por meio de nossos conceitos e de nossas palavras, o qual confundimos com a realidade - de um outro modo, é a mesma advertência que Cristo prega nos evangelhos, escandalizando aqueles que, desde a sua época, se apegam à letra da lei.

Foucault, por sua vez, se propõe a colocar a verdade do discurso contra o discurso verdadeiro, isto é, voltar à questão que, a partir de Platão, o Ocidente abandonou, a esta questão que seria tão cara a um mestre zen: perguntar o que é o discurso, o que ele faz, como ele cria, historicamente, os vários regimes de verdade - e não, como queria o filósofo grego, quais são as condições universais de um discurso verdadeiro.

A questão de Foucault, que também é a questão do zen, quando encarada seriamente, abre um amplo espaço de liberdade e de criação, aquele mesmo que Cristo apontou quando disse: "o sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado".

Dito de outra forma: "a palavra foi feita por causa do homem, e não o homem por causa da palavra".

 

Leia também: O sujeito e a história

 

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